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Namoita em Solo Project -ArtRio (curadores: Julieta Gonzalez e Pablo Leon de La Barra)
Participação espicial da Michê (Ateliê397)
O ideal ascético e o aparelho mega industrial esterilizaram e mecanizaram, programando dentro de um sistema complexo de códigos disciplinares, todas as relações entre os indivíduos. O resultado é uma vida social que tende à total intermediação de aparelhos telecomunicativos. O sistema econômico quer que toda a relação entre um indivíduo e outro se dê através de um aparelho telecomunicativo. Na transversal da telecomunicação o espaço envolvente oferece ao indivíduo o toque e o acolhimento, e se possível a sensação festiva de estar entre amigos. O espaço envolvente deve ser um espaço experimental e lúdico, e deve necessariamente, mesmo que por um curto período de tempo, transportar as pessoas para um outro contexto, algo como a descoberta das Américas e seus povos bárbaros. Podemos pensar também no espaço envolvente como um primeiro ato, um caminho para esta viagem, este deslocamento. Um portal interdimensional. Pode ser como uma armadilha sem dor, uma arapuca atraente o bastante para capturar os seres humanos e se transformar numa nave e levá‐los a lugares insólitos, livres, quem sabe, das redes de marionetes eletromagnéticas.
A moita é um antipalco e um antibunker, se propõe a ser uma outra estrutura, uma alternativa de espaço para socialização e integração coletiva. Contra a idéia de palco e platéia, a moita quebra toda a estrutura segmentaria que distingue autor, artista, ator, espectador. Não há representação, há ação e integração.
Como o bunker, a moita se propõe ao abrigo, mas contra o bunker, a moita cria um abrigo orgânico, móvel, permeável, agregador, multiplicador, camuflado, como capim. A moita cria um espaço intermediário e provisório entre o público e o privado, o íntimo e o coletivo; nesse sentido, se assemelha às estruturas espaciais tribais, como uma oca.